Fortaleza, CE

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Por muito tempo, fomentou-se a crença de que profissões ligadas às ciências exatas combinam mais com homens do que com mulheres, e que eles teriam melhores habilidades nesse campo, como observa um texto da ONU Mulheres sobre igualdade de gênero na Ciência. Uma crença que não se fundamenta em evidências científicas, contudo. Considerando os muitos estudos sobre os fatores biológicos no aprendizado, e elementos como a estrutura e as funções cerebrais, a genética e as questões hormonais, compreende-se a possibilidade de existir diferença de habilidades cognitivas entre indivíduos, mas não entre gênero, não entre homens e mulheres.

Nossa cultura ainda não se desvinculou das questões de expectativa de gênero. É só puxarmos na memória o nosso tempo de infância. Os computadores e videogames sempre foram direcionados como brincadeiras para o público masculino, enquanto as mulheres não eram incentivadas a explorar esses objetos.

Para Ana Claudia Santos, graduanda em Ciências da Computação da UFRJ, coordenadora discente do projeto de extensão Minervas Digitais e que também participou do evento online Jornada das Mulheres em STEM, essa percepção está muito atrelada às questões socioculturais.

“Ainda é muito raro vermos os pais e familiares incentivando mulheres a jogos eletrônicos e de lógica. Pelo contrário, incentivam as meninas de que elas têm que aprender a cozinhar, a arrumar a casa, dão bonecas para incentivar o instinto materno. E essa parte de lógica é muito pouco explorada em meninas, crianças. Essas atitudes já vão fazendo com que a menina cresça achando que aquela área ali não faz parte vida dela.”


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Um outro motivo para encontrarmos poucas mulheres em TI é a insegurança e a ansiedade geradas por um ambiente predominantemente masculino, que pode fazer com que essas profissionais não se sintam acolhidas, não desenvolvam uma sensação de pertencimento, e fiquem isoladas. Sem falar no fato de que várias mulheres que atuam em áreas mais tradicionalmente masculinas também têm que lidar com as expectativas, resistência ou o estranhamento dos clientes. Em alguns casos, o gênero pode custar alguns serviços e algum prestígio.

No artigo “Mulheres em posição de liderança: obstáculos e expectativas de gênero em cargos gerenciais”, as pesquisadoras Lygia Gonçalves Costa Hryniewicz e Maria Amorim Vianna realizaram um estudo de campo com 15 mulheres em posição de lideranças em diferentes organizações públicas e privadas no Rio de Janeiro, entre 2014 e 2016, e constataram, pelas entrevistas, ocorrências frequentes de preconceito, como os que advêm da maternidade, da aparência (seja ela boa ou ruim) e da resistência à liderança da mulher.

 


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Se liga no próximo post, que vamos falar sobre diversidade e formação das mulheres na TI como alternativas para mudar esse cenário.